Um dia cinzento em Pelotas - O plano era ir sozinho fazer uma rápida manutenção no barco e retornar em seguida para casa. Pedi algumas ferramentas emprestadas ao Rovani que prontamente se ofereceu para me ajudar. Na marina eu e o Rovani trabalhávamos no barco enquanto a Tatiane e o Tiago pescavam na beira do arroio. Após conclusão do trabalho o Rovani me flagrou parado no convés hipnotizado olhando para a água e disse: - Tu tá louco pra navegar né? Rapidamente disparei: - "Vamos???" Em poucos minutos todos estavam a bordo, sem planos de navegação e com poucos suprimentos soltamos amarras e deixamos a marina. Seguimos pelo Arroio Pelotas, Canal São Gonçalo e enfim lagoa dos Patos. Chovia lá fora, mas a bordo fazia sol. Mentes e corações tranquilos após o embarque como se as perturbações e dissabores ficassem em terra. No cockpit com roupas quentes e impermeáveis navegamos com o adorável som da chuva na lona, convés e água. Uma leve e agradável sonolência surgia com esse conforto. Calmaria na lagoa onde pequeninas marolas provocavam um suave e quase imperceptível balanço de proa à popa. Dessa vez não tínhamos o cheiroso e saboroso café passado, mas decidimos retornar ao canal São Gonçalo e aportar na barra onde compramos deliciosos pastéis. De volta ao Tortuga seguimos subindo o canal retornando à marina. A chuva ficou mais forte no fim de tarde molhando bastante o cockpit. Rovani, Tatiane e Tiago estavam secos e aquecidos na pequena cabine e brincavam como se estivessem fazendo um charter (aluguel de veleiro) com Skipper (Timoneiro; comandante.) Chegamos na marina ao anoitecer e a vontade era de continuarmos no barco. Cresce em mim o desejo de morar em um veleiro. Oque há alguns anos parecia muito fora da realidade hoje começa a se tornar mais plausível. Não no meu pequeno e valente 17 pés, mas até chegar à embarcação adequada muitas milhas o Tortuga vai navegar.
Cmte. Anderson Chollet
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