“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

segunda-feira, 30 de maio de 2016



7h da manhã; acordei na cama de proa naquela manhã nublada de sábado. O vento na casa dos 20 nós fazia barulho lá fora. Uma librina completava o cenário perfeito para voltar ao saco de dormir, mas estava decidido a navegar e a expulsar o vilão invisível chamado stress que me torturava a dias com taquicardia, dor no peito e hiperventilação.
Betabloqueadores, ansiolíticos e anti-inflamatórios; Óh admirada farmacologia! Desta vez nem tu estavas sendo eficaz. Então parti para o melhor remédio disponível no momento. Motor aquecido, velas preparadas, VHF ligado, anorak vestido, amarras soltas e logo parti dispensando até mesmo o adorável café matinal. O vento jogava aquele spray fino de água fria no rosto. Ahh porque eu não continuei seco e aquecido no saco de dormir? O questionamento deu o ar da graça ao me afastar da zona de conforto.
Saindo da calmaria do arroio Pelotas e entrando no canal são Gonçalo onde icei velas, desliguei o motor e segui contra a correnteza e o vento rumando para o Campus porto onde estaria logo mais em aula, minha amada.
O vento soprava, o barco adernava, pouca altura eu ganhava, mas o coração aliviava conforme navegava e dela me aproximava.
Mensagem enviada, buzina acionada e da sacada ela acenava empolgada.
Escotas caçadas, velas enfunadas, mãos agitadas... me preparava para a arribada e seguida empopada.
Após breve despedida com o Tortuga acelerado pela correnteza eu retornava à tranquilidade do arroio Pelotas.
Velas arriadas, âncora lançada, em uma curva acentuada o almoço eu preparava.
Logo mais o céu abria enquanto novamente eu dormia e o barco sacudia com as ondas deixadas por outras embarcações.
No meio da tarde, após cochilo renovador, retornei ao recanto com o coração manso e finalmente sem dor...

Cmte Anderson Chollet

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