“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink

quarta-feira, 6 de abril de 2011

De volta a Ilha da Feitoria

Dia 28 de março , em um churrasco na casa do "Manivela" , combinamos uma remada até a ilha da feitoria.
Domingo, dia 3 de abril ,aproximadamente 7h da manhã, encontrei a turma no Eco-camping  municipal. De onde iniciamos nossa remada até a ilha.
No caminho até o camping fiz algumas paradas para foto. Estava sem pressa , pois mesmo que iniciasse a remada com a turma não conseguiria acompanhá-los pois meu caiaque tem menor desempenho e eu costumo fazer algumas paradas para fotos. 
(Av. Adolfo Fetter)
(Av. Adolfo Fetter)


Balneário dos Prazeres (" Barro duro")



(Eco-camping municipal de Pelotas)

Para minha surpresa a turma tinha acabado de chegar e não estavam todos lá. 

O capitão Joel havia desistido da remada, e acabou virando motivo de piada e algumas brincadeiras por parte da turma. Vendo tal situação questionei a turma se falam de mim também quando não vou as remadas ou faço remadas em solitário , desnecessária a pergunta né, entre sorrisos confessaram o óbvio. 

Levamos os caiaques até a beira da praia e começamos a organizar os equipamentos. 
Eu como sempre peco um pouco pelo excesso de carga, preciso ser mais seletivo e disciplinado. Como tenho me acostumado com a idéia de ficar sozinho nas remadas , levo equipamento suficiente para montar um  acampamento de emergência e passar a noite com o mínimo de conforto caso necessário. O Braga deixou o caiaque oceânico dele na oficina para reformas, remando dessa vez em um modelo turismo com um desempenho interessante, porém "fazendo água" ( entrando água na embarcação). Ele não tinha compartimentos estanques e nem amarras externas para carregar equipamentos. O Braga pediu que eu levasse os suprimentos dele no meu caiaque.  
( Crédito da foto: João)
As condições do tempo estavam perfeitas: temperatura confortável e ausência de vento, a lagoa estava um "espelho". Ainda tinha uma densa neblina que limitava bastante a visibilidade e deixava a paisagem cinzenta, com um ar meio sinistro. No início da remada utilizei minha buzina , dando um sinal longo, rompendo o silêncio, em seguida escutamos uma buzina vindo do meio da lagoa, provavelmente de um navio. Pensei ser uma resposta ao meu sinal, mas logo lembrei de um regra náutica: navegando com visibilidade limitada a embarcação deve emitir um sinal sonoro em intervalos não superiores a 2 minutos. Parece que lembrei o "capitão" disso também, pois a partir  do meu sinal eles seguiram buzinando de 2 em 2 minutos. Provavelmente esperavam encontrar outra embarcação de grande porte no canal, não deviam imaginar que vinha de uma minúscula embarcação à remo.  


(*Crédito da foto: Braga)
(*Crédito da foto: João)



(*Crédito da foto: João)
 (*Crédito da foto: João)
Iniciamos a remada juntos , mas logo fui ficando para trás. Relaxei, tomei meu  segundo café da manhã , fiz algumas fotos e segui remando em um ritmo confortável.
                                                              








(Colônia de pescadores Z-3)


Aproximadamente às 9h30min a turma fez uma parada para alimentação e hidratação.
Poucos minutos depois cheguei no ponto de parada fazendo um vídeo com a câmera fixada no colete na altura do peito. .

Voltamos a remar, fiz novo vídeo,  a neblina foi desaparecendo , visibilidade melhorando, ja era possível enxergar a ilha da feitoria. A turma disparou na frente novamente, menos o  Bombeiro Gerson com seu filho Bruno que remaram ao meu lado até a chegada na ilha.



Conversando com o Gerson , ele me relatou um dos seus emocionantes resgates. Onde ele e sua mulher que é enfermeira estavam no local e horário exato de um acidente onde um carro com uma família caiu em um rio, ficando submerso, e eles sem recurso algum salvaram vidas , incluindo a de um bebê de pouco mais de 1 ano de idade. Eu ja estava com a intenção de fazer alguns cursos de resgate , e essa história me motivou mais ainda. 

Chegamos na ilha e a turma ja estava preparando um assado. 







Após o almoço , fizemos uma foto com a turma reunida e exploramos um pouco mais a ilha ( era a primeira vez de alguns canoístas na ilha ).

(Eu ,Gerson, Waldo, Vinicius, João, Braga, Junior e Bruno)




(Crédito da foto: Waldo Gouveia)






Contraste da igreja abandonada com casa recentemente construída


Meu sonho de consumo na foto acima


No retorno o Waldo e o Junior decidiram me acompanhar. 
Fizemos uma parada para o café da tarde e com a temperatura elevada tomamos banho.
A água estava transparente, era possível enxergar os pés mesmo em locais de maior profundidade. 
Banho relaxante e restaurador. 


( Sim , perdi peso... e não está faltando alimento em casa rsrs).

Eu havia dormido menos de 3 horas na noite anterior e me senti indisposto no retorno, chegando a cochilar remando. O movimento da remada continuava mas o caiaque aos poucos ia saindo do rumo. Na tentativa de me sentir mais disposto, fiz uma parada rápida , peguei um pote com maltodextrina em pó misturei água e tomei tudo de uma vez só. Péssima idéia, tive provavelmente uma variação rápida no nível de glicose no sangue e comecei a ficar tonto, o que não é nada bom em um caiaque. Waldo e o Junior estavam a poucos metros na minha frente e de vez enquando olhavam para trás. Isso me fez repensar questões de segurança, principalmente quando remar sozinho. Nós canoístas utilizamos coletes esportivos, que são "equipamentos auxiliares de flutuação"(EAF) e não são capazes de manter a cabeça de uma pessoa inconsciente fora d'água como os coletes "salva-vidas" homologados pela marinha. Quanto a alimentação , procurar orientação de um profissional que entenda de nutrição esportiva parece uma boa idéia.



Fui nessa remada contrariando recomendações médicas, mas fora o episódio da tontura me senti bem.
Semana que vem , se der tudo certo começo meu reforço muscular e vamos ver se futuramente abandono os anti-inflamatórios em dose de ataque depois das remadas :p.

Foram aproximadamente 6 horas de remada. Essa foi minha 3ª visita a ilha.  Na anterior fui velejando:

Pretendo retornar muitas outras vezes. Na próxima com mais tempo para relaxar e curtir a  beleza e a paz do local. 
Agradeço aos amigos que tiveram paciência de me acompanhar em alguns trechos mesmo eu insistindo que não precisava. 
Obrigado pela parceria e boas remadas a todos!

Mais fotos podem ser vistas em:

Vídeo:
 


                                                      Confraria Caicar